quarta-feira, 23 de março de 2011

Esplêndido vôo

Se eles voarem, as cores das asas vão ser as últimas que eu verei. São os mais lindos e coloridos passarinhos, mas ninguém os enxerga desse jeito. O clímax da minha história seria vê-los alegres, fluindo por um céu claro. Clímax e desfecho. Ainda caminho porque sei que eles estão bem presos na gaiola da minha mente. É a única causa. Passo noites inteiras limpando e arrumando essa gaiola da melhor maneira. Mas minhas mãos, quando passam perto deles, têm vontade de esmagá-los. Eu tiraria força de todos os meus músculos e os apertaria de maneira a nunca mais precisar ver pra essa gaiola idiota - talvez falte coragem. Porque lá fora, os pássaros voam livremente. Eles podem, os meus não. O egoísmo e a raiva também preferiram me ver vivo a vê-los voando. Fraqueza minha: será que eu não vejo que isso tudo é errado? Não, não vejo: meus olhos não desgrudam da gaiola. Ou eles morrem primeiro ou eu.