domingo, 10 de julho de 2011

E vem aí... [parênteses]

"É agora!"
As cortinas abriram. Despiram um palco de sete metros. Só eu ali em cima. Cabeças até onde a imagem embaça.
Mas silêncio.
Os holofotes em mim ligaram com força.
 "Agora, as cabeças embaçam antes".
Há música, não há mais o que pensar:


Vem comemorar
Escandalizar ninguém
Vem me namorar
Vou te namorar também
Vamos pra avenida desfilar a vida
Carnavalizar

Meus ouvidos passavam noites acordados, apaixonados por essa música. Agora, eles sofriam calados as vaias de um milhão. E elas começaram a soar alto. Cada vez mais pontiagudas na minha cabeça. Humilhando meus ouvidos até eles se calarem. Parei de cantar.
"Vocês querem outra, não querem?".
Talvez não fosse essa a música. Meus olhos gritavam por meu irmão ou minha mãe, esbarravam em toda a platéia. Nenhum ali na multidão. Então a morena que me vira crescer, rindo comigo, lá na cozinha. Nada.
"É 1, é 2, é 3".
 Entraram os dançarinos. Notei pelos passos também. Ainda não tinha olhado pra trás, havia um telão com um vídeo meu, sorrindo.


Viver                                                                                                                           
E não ter a vergonha de ser feliz                                                                               
Cantar e cantar e cantar                                                                                   
 Na beleza de ser um eterno aprendiz
Eu não sabia dançar aquilo..."eles me vaiam mais alto!" Eu não sabia fazer nada! Eu até gaguejava.
As cortinas se fecharam.