quarta-feira, 18 de abril de 2012

Reflexão

É areia derretida, metal. É um ringue.
Silício: m, /subst, escancara as pálpebras de uma vida. Coloca em transparência o preto. Inaugura estruturas sem chão nem pilares.

A areia derretida é uma vitrine. Vitrine porque não protege uma obra-prima de trilhões - ou quanto valer minha vida -, mas é viva para quem quiser ver. Do outro lado não se compra, não se vende. Apenas se briga.

Ouve-se uma ilha de gritos
1 milhão de bocas, poucos ouvidos.
Anos, dias, momentos sofridos
Angústia e segredos, vividos.

"Vamos aos competidores de sempre.
De um lado do octógono:
Ele deve ter uns dois metros e vinte, idiota, bruto e sensível. É ridículo!
Do outro lado do octógono:
Esse é baixinho. Não se engane com a beleza, esse é falso! Não vale nada. É ignorante. Vocês conhecem ele, não? Sim! Esse é do povo!
Podem começar!"

E cada soco dado transborda a vitrine. Vem soco com areia. Estilhaço e sangue.
O maior esmurra o menor: vaias-agulhas. Dói meu peito.
O menor revida e chuta o maior. Eu caio de costas.
Espero e não espero. Se alguém morrer, nocaute em mim.