sábado, 17 de dezembro de 2011

O Algoz

Deram-me um motivo para chorar de verdade. Era um algoz. Cor, exuberância e olhar de um corvo.
[Realmente. Falta um parágrafo aqui]:

Parágrafo Zero: Nasci cego. E continuou assim. Minha retina sempre foi estupidez.
Minha vida sentia a armação metálica e tênue da gaiola ruim. Impossível saber se eu estava dentro ou fora. Mas um bichano de mau agouro vivia a me bicar.
*Como eu o sentia: Era imenso. Gritava. Berrava. As patas vinham com força e me feriam. Não me deixava dormir. Nunca.
Era necessário meu cuidado. Mesmo odiando, comida. Comida e carinho. Sabe-se lá o que era aquilo... e se me matasse?
19 dezembros depois e enfim escancaram a porta da gaiola. O bichano sentia mais medo de ficar que eu. Lá se foi tudo. Uma bicada forte na cabeça. Escuro estava, escuro ficou.