quinta-feira, 4 de junho de 2015

O dia após

Eu armei uma bomba.
Ela tá pulsando aqui no meu peito e apitando cada segundo que passa.
Se eu apoiar a mão eu posso sentir o barulho que faz a batida.
É o mesmo barulho de quando eu tava ainda na barriga da mamãe. Sem saber o que viria.
É o mesmo barulho de quando eu ficava nervoso nas apresentações de escola. E estalava no pescoço..
É o mesmo barulho de quando eu me apaixonei e vivi loucamente, procurando amor.
É o mesmo barulho de quando eu conhecia lugares novos. De quando eu viajei com meus amigos.
É o mesmo barulho de quando mamãe me acordava pra me dar mingau. Com medo de eu ficar doente.
É o mesmo barulho de quando eu andava de bicicleta com meu irmão e a gente competia.
Esse barulho parece com toda minha vida.
Essa bomba vai crescer, quanto mais eu viver. Ela vai se encher de amor e dor.
Um dia ela explode. Silenciosa. Nenhum barulho. Nenhum.