sábado, 6 de fevereiro de 2010

Percalços inconvenientes

A senhora passava algum doce por cima do bolo. E ela havia notado a chegada do garoto. "Oi tia, a senhora tá bem?" O silêncio foi precedido por outras duas perguntas em vão. Ela parecia não ter sentimento algum. O garoto podia compará-la à mesa em que a senhora apoiava o corpo. Os olhos dela fitaram os do garoto e baixou a cabeça em seguida. "Esse bolo parece muito gostoso, tia... de que ele é feito?". A senhora preferiu lavar a faca a responder a pergunta. Ele preferiu voltar à sala a ver um estrago maior. Aquela não parecia a senhora de algumas semanas atrás que abraçava-o e enchia-lhe de carinho. - Ela sabe. Eu contei - disse a filha da senhora e amiga do garoto. "Supus" e baixou a cabeça. O garoto então voltou para casa. Foi apenas para rever a amiga e a mãe dela - grande engano.
A senhora certificou-se de que o garoto havia ido embora e então pegou a Bíblia. Rezou e rezou. Levantou-se e benzeu a casa, afirmando: "Aqui não entra esse tipo de gente". Sua religião nunca aceitou que um homem tivesse afeto por outro. E a amizade acabou por aí.